As gigantes chinesas Shein e Alibaba agora fazem parte da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), entidade que reúne empresas de comércio eletrônico e transporte no país. O movimento é visto como uma tentativa de fortalecer a imagem das companhias no Brasil e minimizar as críticas sobre concorrência desleal com a indústria nacional.
A entrada na Amobitec ocorre em um momento estratégico, em meio ao crescente escrutínio internacional sobre as operações das empresas chinesas. Nos Estados Unidos, por exemplo, o governo de Donald Trump eliminou a isenção para compras internacionais de até US$ 800, medida que pode impactar o modelo de negócios dessas plataformas.
Atualmente, a Amobitec também conta com a participação de grandes nomes do varejo e transporte digital, como Amazon, iFood, Buser, 99, Uber, Zé Delivery e Flixbus. Para o diretor-executivo da associação, André Porto, a adesão da Shein e do Alibaba reforça o papel da entidade na modernização do mercado.
“O desenvolvimento tecnológico tem o potencial de aprimorar e transformar a vida das pessoas. A Amobitec tem como desafio apresentar os novos conceitos e modelos de negócios para contribuir na modernização do mercado e na democratização do acesso a bens e serviços para todos”, afirmou Porto.
A adesão das empresas chinesas também acontece em meio a mudanças na tributação das importações no Brasil. Com a implementação do programa Remessa Conforme, que passou a exigir o recolhimento do imposto estadual de 17% em compras internacionais de até US$ 50, as remessas começaram a se normalizar, mas os dados do governo indicam que houve uma queda no volume de importações em 2024 devido ao aumento da carga tributária.
Além disso, o Alibaba, conhecido como um dos maiores marketplaces do mundo, tem expandido sua atuação no Brasil por meio da AliExpress e da Cainiao, sua plataforma de logística global. Recentemente, a empresa anunciou investimentos em centros de distribuição no país para agilizar as entregas e reduzir a dependência de importações diretas da China. Já a Shein, que ganhou popularidade entre os consumidores brasileiros pela venda de roupas a preços acessíveis, vem aumentando sua presença local com parcerias com fábricas nacionais para produção no país.
O fortalecimento dessas empresas no Brasil reforça a disputa do comércio digital, que cresce ano após ano. Com consumidores cada vez mais habituados às compras online, o impacto da nova tributação e a adaptação das varejistas ao mercado nacional seguem como pontos de atenção para os próximos meses.